Lá na calada da noite ele andava sorrateiro, Deslizava pelo chão mais leve que um passageiro. Invadia sua casa sem ninguém escutar, Comia o seu pão, tomava o seu chá! E quando você acordava, um bilhete ia encontrar: \"Estava uma delícia, pode deixar que eu volto pra jantar!\" Pé de Veludo, ninguém pegava o danado! Roubava dos ricos e fazia fiado! Pé de Veludo, rei do furto sem barulho, Mais discreto que fantasma, mais ligeiro que um gatuno! Ele entrava na mansão e pegava um licorzinho, Levava uma gravata, um terno e um pãozinho. Mas na favela ele era rei, trazia leite e café, E as crianças gritavam: \"Valeu, meu amigo Pé!\" E a polícia corria, mas nunca ia alcançar, Pois o Pé de Veludo já tava em outro lugar! Pé de Veludo, ninguém pegava o danado! Roubava dos ricos e fazia fiado! Pé de Veludo, rei do furto sem barulho, Mais discreto que fantasma, mais ligeiro que um gatuno! Mas um dia a sorte virou, alguém vacilou, A justiça pegou e o Pé descansou... Mas no cemitério, o povo ainda reza, Faz pedido e acende vela... Pé de Veludo, virou lenda na cidade, Até hoje no túmulo, rola muita homenagem! Pé de Veludo, Robin Hood do interior, Quem diria que um ladrão viraria um protetor?